Não teço quaisquer considerações sobre as infelizes declarações de algumas figuras do Partido Socialista na República. Apenas lamento-as porque deveriam ter tido uma outra postura, de decência institucional e de respeito democrático pela candidatura do Professor Sampaio da Nóvoa. Entristece-me, aí sim, um outro aspecto: o adiamento do PS, porque o partido é muito mais do que uns quantos militantes, no que concerne à manifestação do seu apoio ao Homem que a todos nos pode representar no mais alto patamar da hierarquia do Estado, com isenção e distanciamento partidário, mas com princípios, valores democráticos e com a cultura, em um sentido lato, que tão distante tem andado. Daí a formulação da pergunta: o PS quer entregar, novamente, a Presidência da República a uma qualquer figura como aconteceu nos últimos dez anos? Estão à espera de quê?
O quadro parece-me tão óbvio. Quando três ex-presidentes da República concedem o seu apoio, quando eminentes figuras da sociedade portuguesa abraçam a disponibilidade manifestada por Sampaio da Nóvoa, quando é público e notório que se trata de um cidadão com uma postura irrepreensivelmente livre e pela liberdade, um professor brilhante, um Homem de cultura e de sabedoria, não apenas pelos seus dois doutoramentos, mas pela humildade sinónima de grandeza, questiono, de que estarão à espera? Que alguns mitos, que não passam disso mesmo, apenas porque têm acesso a algumas tribunas, acabem por influenciar e determinar as opções dos eleitores?
Voto Sampaio da Nóvoa. Há muitos anos que o acompanho, através dos textos onde explicitou o seu pensamento em matérias de política educativa. Um dia li: “(…) atormentam-me pouco os conflitos, as discordâncias”. Guardei esta frase e hoje aqui reproduzo-a, porque ela traz no seu bojo, o ser democrático e a capacidade de diálogo, imprescindíveis naquele Palácio e na representação externa. De que estão à espera? Mexam-se, porque os actos eleitorais não se ganham à beira das urnas.
André Escórcio, militante do Partido Socialista
