Mota Torres
Sou militante do PS
há quatro décadas. Se, como espero, a candidatura de Sampaio da Nóvoa
atingir o momento do escrutínio, aquele em que os portugueses serão chamados a
participar na escolha de quem desempenhará as funções de mais alto magistrado
da nação, será nele, Sampaio da Nóvoa, em quem votarei.
Não sei qual será a decisão que os órgãos do PS
adoptarão, quando entenderem ser oportuno, em relação à questão das
presidenciais, nem com isso estou muito preocupado.
Orgulho-me de ter sido, sempre, um militante
disciplinado e cumpridor e, apesar disso, não me revejo em estratégias, acções
e omissões como as que conduziram o nosso País à fatalidade de ter tido, ao
longo dos últimos dez anos, um Presidente da República determinado a cumprir
uma agenda própria de insensibilidade face à Constituição da República, que
jurou defender e honrar, de resto, de degradação da imagem e das práticas do
Estado de Direito, de menosprezo pela representatividade e pelas obrigações
dela decorrentes, de desvalorização da cidadania e de destruição da democracia,
voltado para a defesa dos interesses da sua clientela política, a mesma dos
partidos da sua maioria presidencial, e que, vociferando contra os malefícios
dos partidos políticos e as suas perversões, nunca deixou de ser militante de
um partido, o PSD, ao serviço de quem se dispôs a desempenhar as funções para
que foi mandatado no Palácio de Belém durante toda esta “eternidade” que temos
vindo a ter a desdita de suportar.Não. Estarei, - estou -, do lado que sinto ser, para
Portugal e para os portugueses, o lugar certo: o da confiança, o do desafio, o
do confronto, o da coragem, o da ousadia… O lado da cor, contra o cinzento do
unanimismo, – da unanimidade? –, o lado das referências contra a ausência total
delas, o lado da diferença contra a indiferença, o lado de quem sabe de que
lado está contra os que não sabem a que lado devem a sua lealdade, convicção,
empenhamento e determinação, o lado dos que acreditam num mundo construído por
todos e ao serviço de todos, contra os que o entendem ao serviço dos
interesses, das carreiras duvidosas, das elites endinheiradas, dos plutocratas,
dos muito poucos contra uma inconformada e esmagadora maioria.
Sampaio da Nóvoa, afigura-se-me, reúne as qualidades
que o aconselham de entre as escolhas detectadas, detectáveis e possíveis.
Tenho estado atento ao que diz e ao modo como se comporta, tenho registado a
sua determinação e equilíbrio face a todas as barreiras e dificuldades que lhe
são erguidas, tenho, atónito, encarado, e com muita preocupação, o modo como,
no PS, se prepara o ambiente para facilitar a vida aos candidatos da direita, -
sejam eles quais forem -, apoiados, ou a apoiar pelos partidos dessa área, em
vez de, como seria desejável, se ir fortalecendo a lógica de um combate, o das
presidenciais, do qual Portugal tem de sair vencedor, e essa vitória tem de
radicar na ideia séria e partilhada de que queremos voltar a ter um “Presidente
de Todos os Portugueses”.
Assumo, com convicção, determinação e entusiasmo,
que o modesto apoio que dispenso à candidatura de Sampaio da Nóvoa, bem como o
voto que lhe confiarei nas eleições presidenciais tem, como suprema motivação,
a minha vontade de, de novo, ver o meu País a trilhar os caminhos da liberdade,
da tolerância, da justiça, da justiça social, da igualdade de oportunidades, do
equilíbrio, da cidadania incentivada e respeitada e da modernidade, como
elementos indispensáveis daqueles que serão os identificáveis e
inultrapassáveis marcos civilizacionais que, orgulhando-nos, a História, um
dia, registará.
Funchal 26 de Julho
de 2015