quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

ESTATUTO DE "CELEBRIDADE TELEVISIVA" BENEFICIOU MARCELO

Económico com Lusa
O ex-comentador político teve "mais 50% de destaque do que Sampaio da Nóvoa e mais 200% de que Maria de Belém ou Marisa Matias", indica o estudo.
O estatuto de "celebridade televisiva" de Marcelo Rebelo de Sousa beneficiou a notoriedade do ex-comentador político enquanto candidato presidencial, o que explica a disparidade de "atenção mediática" na campanha, concluiu um estudo do ISCTE.
Marcelo Rebelo de Sousa foi o "mais privilegiado" na comunicação social entre 2014 e 2015, segundo uma análise do Barómetro de Notícias do Laboratório de Ciências de Comunicação do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) comparando os destaques noticiosos numa base de dados com 37 mil entradas.
O ex-comentador político teve "mais 50% de destaque do que Sampaio da Nóvoa e mais 200% de que Maria de Belém ou Marisa Matias", indica o estudo.
Um dos autores, Gustavo Cardoso, explicou à Agência Lusa que na medição da notoriedade daqueles quatro candidatos surgem notícias na qualidade de candidato e outras em que o próprio foi notícia por outras razões.
Segundo Gustavo Cardoso percebe-se que a notoriedade pré-existente à qualidade de candidato "cria tração para depois aumentar o número de notícias como candidato" e demonstra que "quanto mais celebridade mediática se é, maior é o impacto no número de destaques como candidato".
Numa análise à cobertura das apresentações públicas das candidaturas, o estudo conclui que Marcelo Rebelo de Sousa e Sampaio da Nóvoa foram os que tiveram mais destaque mediático e que, entre os dois, se registou uma elevada disparidade.
Nos 15 dias antes e nos 15 dias posteriores ao lançamento da sua candidatura, a 9 de outubro de 2015, Marcelo Rebelo de Sousa teve 61 destaques de abertura de noticiários ou primeiras páginas em diferentes meios de comunicação social, enquanto a Sampaio da Nóvoa – que se apresentou como candidato a 29 de abril - foram apenas conferidos 15 destaques.
O projeto do Laboratório de Ciências de Comunicação do ISCTE quis analisar a presença dos candidatos na comunicação social, já que a igualdade ou desigualdade no acesso ao campo mediático tem sido um dos temas da pré-campanha, referem os investigadores, no documento hoje divulgado.
O destaque noticioso é definido, na análise semanal do Barómetro do ISCTE, como as peças noticiosas publicadas com maior destaque na imprensa diária generalista (DN, JN, CM, PÚBLICO, I) e páginas Web de órgãos de comunicação social (EXPRESSO ONLINE, TVI24 ONLINE, SIC NOTICIAS ONLINE, PÚBLICO ONLINE, SOL ONLINE) e as primeiras peças publicadas em três noticiários da manhã na Rádio (RR, ANTENA1 E TSF) e nos três principais programas de informação das 20 horas nos 3 canais generalistas (RTP1, SIC, TVI).
Segundo Gustavo Cardoso, foram analisados os quatro candidatos "com mais notoriedade" na comunicação social nos últimos dois anos.
As eleições para eleger o Presidente da República realizam-se no dia 24 de janeiro, com dez candidatos no boletim de voto: Marcelo Rebelo de Sousa, Maria de Belém, Sampaio da Nóvoa, Marisa Matias, Edgar Silva, Jorge Sequeira, Cândido Ferreira, Vitorino Silva, Paulo de Morais e Henrique Neto.