No final do
ano que há pouco deixamos, e com ele um longo período de perplexidade, de
aflição e de angústia pelos caminhos perversos por onde era brutalmente
conduzida a vida de todos nós, deixei escrito por aí, - este “por aí”
significa, redes sociais -, que, “ainda não refeitos das ‘emoções’ dos últimos
quatro anos e meio, os portugueses parece nem se darem conta de que, na
comunicação social, neste final de ano, são raras, para não dizer inexistentes,
as notícias que induzem a ideia de austeridade. Novos sinais dos novos tempos
que vivemos…”.
Voltaria a sublinhar esta afirmação, que me parece uma evidência, volvidos que
estão alguns dias sobre o momento em que se me afigurava ajustada a reflexão a
propósito desta alteração nos critérios, comportamentos e escolhas editoriais
nesta fase da nossa vida colectiva. E, fá-lo-ia, por me parecer ser necessário
que sintamos todos o que significa, o peso que tem nas nossas vidas, a
preparação metódica, cruel, injusta e desumana com que, os apaniguados do
terror, foram preparando todos, e cada um de nós, para o acumular da
agressividade austeritária que foi fustigando o quotidiano dos jovens, das
famílias, dos idosos ao longo de mais de quatro penosos anos de desesperança,
de frustração, de medo do futuro.
Entramos em 2016 com a sensação de que algo de importante, de verdadeiramente
importante, nos tinha acontecido. A democracia tinha-se revigorado, era mais
partilhável, tinha resultados mais auspiciosos, permitia, (afinal) mais
abertura, mais abrangência, mais tolerância, mais soluções, mais participação,
mais respeito, mais contraditório, mais debate, mais dignidade, mais
humanidade. Entravamos, com ano que já vamos cumprindo, num tempo novo que uma,
até há pouco impensável, inovadora maioria parlamentar, se encarregou
responsavelmente de concretizar, abrindo os sempre sedutores horizontes da
esperança. Não ouvimos, a propósito, discursos facilitadores, promessas
brandidas em tons grandiloquentes; foi-nos deixada a garantia de que, cumprindo
perante terceiros o que o País tem de cumprir, os portugueses e os seus
legítimos e prementes anseios, estariam no topo das preocupações de quem, por
vontade e mandato popular, tem a obrigação de, a todo o momento, decidir sobre
as alternativas e sobre as suas consequências. Reiniciamos a caminhada com
outro gosto, acreditando que os jovens, os mais velhos, os trabalhadores, todos
eles, os reformados, as mulheres, as famílias, os cidadãos e as cidadãs, em
suma, cientes da sua responsabilidade, regressavam à claridade alegre de um percurso
que em conjunto sentem dever cumprir.
Acordamos também, - a maioria de nós tinha-se “perdido” no processo político
das eleições legislativas -, para a iminência das eleições presidenciais e
fomo-nos dando conta de que, sem que tivéssemos sido chamados às urnas, um dos
candidatos se considerasse, e com eco pela comunicação social, já, o próximo
Presidente da República.
Havia outros, porém, e, um deles, Sampaio da Nóvoa*, Tem-nos feito reflectir
sobre tudo o que está começado, e que nos motiva com entusiasmo, sobre o que
foi, durante dez anos, um exercício presidencial partidariamente comprometido,
perverso e redutor, sobre a necessidade de, também em Belém, um Presidente ser
capaz dos desafios de um tempo novo no quadro da Constituição da República, dos
interesses de Portugal e dos portugueses, dos compromissos internacionais do
País, do respeito pelas suas obrigações no concerto das nações, daquelas que
poderão vir a ser, dependendo do evoluir da situação internacional,
exigentíssimas responsabilidades enquanto Comandante Supremo das Forças
Armadas.
Sampaio da Nóvoa assume os compromissos de que Portugal necessita, não se
transfigura, não se resigna à constatação, entusiasma-se com os desafios,
associa-se ao desafio da modernidade, do saber, da justiça, da equidade, do
crescimento, do emprego, da coesão nacional, do Serviço Nacional da Saúde, da
escola pública, da justa redistribuição dos rendimentos, da tolerância, do
equilíbrio, da harmonia, da paz.
Do 25 de Abril, entre todas as suas opiniões partilháveis, em Junho de 2012
citou Sophia:
“Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.”
Tenho para mim que, Sampaio da Nóvoa é um homem fiável, confiável!
PS:
No
aniversário da SIC Notícias, há dias, o Primeiro-ministro, ex-comentador
residente do programa, “Quadratura do Círculo”, mas nesse momento naquela
qualidade, teve uma notável prestação: esclarecedor, sereno, determinado,
equilibrado, cumpridor.
Um senão, apenas. Interrogado sobre a sua intenção, ou não, de revisitar todo o
dossier “Acordo Ortográfico”, refugiou-se no nada, na ausência de argumentos,
no que parece ser a assunção de uma incompreensível inevitabilidade: a vigência
do dito.
António Costa, - como dias antes o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros -,
parece não querer perceber que há uma Nação inteira a interrogar-se sobre as
reais, concretas e pesadas razões, que todos ignoram, e que conduziram ao grave
desastre que vitimou a língua portuguesa na sua forma escrita.
* Importa
deixar claro aquilo que, apesar de tudo, julgo ser público, - sobre a
notoriedade, não me pronuncio -, o meu apoio ao candidato Sampaio da Nóvoa. MT
JOSÉ CARLOS
DA MOTA TORRES
PROFESSOR
FOI PRESIDENTE DO PS MADEIRA E DEPUTADO NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA E ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA MADEIRA