sábado, 16 de janeiro de 2016

OPINIÃO DE JOSÉ CARLOS DA MOTA TORRES PUBLICADA NO FUNCHAL NOTÍCIAS



Recuperar a esperança

by Luís Rocha

No final do ano que há pouco deixamos, e com ele um longo período de perplexidade, de aflição e de angústia pelos caminhos perversos por onde era brutalmente conduzida a vida de todos nós, deixei escrito por aí, - este “por aí” significa, redes sociais -, que, “ainda não refeitos das ‘emoções’ dos últimos quatro anos e meio, os portugueses parece nem se darem conta de que, na comunicação social, neste final de ano, são raras, para não dizer inexistentes, as notícias que induzem a ideia de austeridade. Novos sinais dos novos tempos que vivemos…”.
Voltaria a sublinhar esta afirmação, que me parece uma evidência, volvidos que estão alguns dias sobre o momento em que se me afigurava ajustada a reflexão a propósito desta alteração nos critérios, comportamentos e escolhas editoriais nesta fase da nossa vida colectiva. E, fá-lo-ia, por me parecer ser necessário que sintamos todos o que significa, o peso que tem nas nossas vidas, a preparação metódica, cruel, injusta e desumana com que, os apaniguados do terror, foram preparando todos, e cada um de nós, para o acumular da agressividade austeritária que foi fustigando o quotidiano dos jovens, das famílias, dos idosos ao longo de mais de quatro penosos anos de desesperança, de frustração, de medo do futuro.
Entramos em 2016 com a sensação de que algo de importante, de verdadeiramente importante, nos tinha acontecido. A democracia tinha-se revigorado, era mais partilhável, tinha resultados mais auspiciosos, permitia, (afinal) mais abertura, mais abrangência, mais tolerância, mais soluções, mais participação, mais respeito, mais contraditório, mais debate, mais dignidade, mais humanidade. Entravamos, com ano que já vamos cumprindo, num tempo novo que uma, até há pouco impensável, inovadora maioria parlamentar, se encarregou responsavelmente de concretizar, abrindo os sempre sedutores horizontes da esperança. Não ouvimos, a propósito, discursos facilitadores, promessas brandidas em tons grandiloquentes; foi-nos deixada a garantia de que, cumprindo perante terceiros o que o País tem de cumprir, os portugueses e os seus legítimos e prementes anseios, estariam no topo das preocupações de quem, por vontade e mandato popular, tem a obrigação de, a todo o momento, decidir sobre as alternativas e sobre as suas consequências. Reiniciamos a caminhada com outro gosto, acreditando que os jovens, os mais velhos, os trabalhadores, todos eles, os reformados, as mulheres, as famílias, os cidadãos e as cidadãs, em suma, cientes da sua responsabilidade, regressavam à claridade alegre de um percurso que em conjunto sentem dever cumprir.
Acordamos também, - a maioria de nós tinha-se “perdido” no processo político das eleições legislativas -, para a iminência das eleições presidenciais e fomo-nos dando conta de que, sem que tivéssemos sido chamados às urnas, um dos candidatos se considerasse, e com eco pela comunicação social, já, o próximo Presidente da República.
Havia outros, porém, e, um deles, Sampaio da Nóvoa*, Tem-nos feito reflectir sobre tudo o que está começado, e que nos motiva com entusiasmo, sobre o que foi, durante dez anos, um exercício presidencial partidariamente comprometido, perverso e redutor, sobre a necessidade de, também em Belém, um Presidente ser capaz dos desafios de um tempo novo no quadro da Constituição da República, dos interesses de Portugal e dos portugueses, dos compromissos internacionais do País, do respeito pelas suas obrigações no concerto das nações, daquelas que poderão vir a ser, dependendo do evoluir da situação internacional, exigentíssimas responsabilidades enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas.
Sampaio da Nóvoa assume os compromissos de que Portugal necessita, não se transfigura, não se resigna à constatação, entusiasma-se com os desafios, associa-se ao desafio da modernidade, do saber, da justiça, da equidade, do crescimento, do emprego, da coesão nacional, do Serviço Nacional da Saúde, da escola pública, da justa redistribuição dos rendimentos, da tolerância, do equilíbrio, da harmonia, da paz.
Do 25 de Abril, entre todas as suas opiniões partilháveis, em Junho de 2012 citou Sophia:
“Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.”
Tenho para mim que, Sampaio da Nóvoa é um homem fiável, confiável!

PS:

No aniversário da SIC Notícias, há dias, o Primeiro-ministro, ex-comentador residente do programa, “Quadratura do Círculo”, mas nesse momento naquela qualidade, teve uma notável prestação: esclarecedor, sereno, determinado, equilibrado, cumpridor.
Um senão, apenas. Interrogado sobre a sua intenção, ou não, de revisitar todo o dossier “Acordo Ortográfico”, refugiou-se no nada, na ausência de argumentos, no que parece ser a assunção de uma incompreensível inevitabilidade: a vigência do dito.
António Costa, - como dias antes o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros -, parece não querer perceber que há uma Nação inteira a interrogar-se sobre as reais, concretas e pesadas razões, que todos ignoram, e que conduziram ao grave desastre que vitimou a língua portuguesa na sua forma escrita.

* Importa deixar claro aquilo que, apesar de tudo, julgo ser público, - sobre a notoriedade, não me pronuncio -, o meu apoio ao candidato Sampaio da Nóvoa. MT

JOSÉ CARLOS DA MOTA TORRES

PROFESSOR

FOI PRESIDENTE DO PS MADEIRA E DEPUTADO NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA E ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA MADEIRA